Qual o Verdadeiro Papel do Líder?
VOCÊ ATUA COMO UM LÍDER EM SUA EMPRESA?
Assim que estourou a crise em 2015, palestrei em um evento com centenas de empresários falando sobre liderança e os desafios da inovação. Ao final, vários empresários vieram me cumprimentar e agradecer, dizendo que adoraram a mensagem… mas nem todos. Afinal, nem sempre queremos ouvir o que pouco se encaixa no que acreditamos.
Tendemos preferir o que já concordamos à algo contraditório!
Naquele evento, falar sobre valores e PROPÓSITO, dar significado e direção ao trabalho das pessoas, mais ajudar que dar ordens, reduzir os entraves para que cada um faça melhor o seu papel, incomodou bastante a vários empresários e líderes.
Gostaram mesmo foi quando outro consultor lhes disse: “É tempo de cobrar por performance! Quem não performa bem, deve ser tirado do time e mandado para a concorrência.”
Estávamos os dois corretos, eu imagino!
Conforme pontos de vista, estávamos os dois corretos. Mas a segunda mensagem foi mais confortável para os ouvidos dos empresários que preferiam colocar a responsabilidade na equipe, o que é um comportamento muito comum em todos nós.
Porém, cada vez mais me convenço de que o papel da liderança é mesmo o de facilitar e dar sentido ao trabalho das pessoas. Se o líder está perdido e não consegue dar sentido ao trabalho das pessoas, fatalmente sua equipe ficará desnorteada e trabalhando sem sentido compartilhado.
Quantos empresários sabem responder prontamente quando perguntados sobre o propósito do seu negócio, ou qual problema do mercado eles resolvem e porquê?
Vendo um excelente vídeo de Jack Welch, que liderou a guinada da GE, mais uma vez confirmei o que pensava. Segundo Welch, sua experiência e percepção dos líderes que conseguiram maiores resultados apontam para alguns papéis:
1º) Deve ser o CHIEF MEANING OFFICER: Traduzindo, ser o Líder que dá sentido às pessoas. Ou seja, ser a figura que consegue traduzir o porquê estão todos juntos e para quê estão todos juntos. Deve conseguir apontar quais os ganhos que cada um terá em lutar pela causa compartilhada pela organização ou projeto. Importante ressaltar: mais que cobrar que todos participem da mudança, é preciso entender que ninguém gosta de mudança, pois ela traz medo e tira pessoas da zona de conforto. Para que faça sentido e gere engajamento, deve ter claro o que as pessoas poderão ganhar com isso.
2º) Deve ser CHIEF BROOMER OFFICER: Traduzindo, o Líder que Ajuda as Pessoas a cumprirem melhor suas tarefas. Não se deve focar em limpar a bagunça, criando regras para tudo e burocracias, mas aprender a lidar com ela. Mais que organizar a empresa para si, pense em facilitar a vida das pessoas que trabalham para o propósito, como naquele esporte Curling, onde uns vão passando a vassoura para ajudar a trajetória do peso.
Líder deve servir e facilitar, para que os processos sejam melhores e mais ágeis. Regras não devem atrapalhar, mas agilizar as coisas.
3º) Deve ser o CHIEF FUN OFFICER: Traduzindo, o Líder que faz agradável trabalhar ali. As pessoas, cada vez mais, querem que seu trabalho seja importante e prazeroso. Chefes rudes e que tornam o ambiente áspero não contribuem para que as pessoas tenham alta performance.
Ambientes de trabalho devem ser agradáveis e até divertidos, sem perder a maturidade e responsabilidade pelas entregas prometidas em favor dos clientes.
4º) Deve ter o GENE DA GENEROSIDADE: Significa gostar de ver o sucesso dos outros, de não sentir inveja ou achar que merece mais que quem foi promovido. Deve ficar muito animado por alguém se sentir grande e melhor, inclusive não tendo dó de dar aumento para quem merece!
“Se tiver o gene do chefe carrasco, ou invejoso, dê a si mesmo um tapa na cara!”
5º) Deve sempre ser um transformador de PEQUENAS VITÓRIAS EM GRANDES VITÓRIAS: encontre sempre uma forma de comemorar e celebrar pequenos ganhos, e transformá-los em algo significativo para quem conseguiu realizar algo.
Várias pequenas vitórias juntas formam uma grande vitória coletiva. Esse deve ser o ambiente em que vale à pena fazer parte!
Cobrar, gerenciar, exigir performance… tudo isso é muito importante. Porém, o papel primeiro de um bom líder é impactar a vida das pessoas! E, como ele mesmo diz, “Até tirar vantagem disso”, com mérito e razão. O cara é muito bom, e não é por acaso que conseguiu tanto sucesso como CEO da General Electric.
Então, sob este ponto de vista que compartilho com Jack Welch, você se considera um líder pronto?
(*) Rafael Lucchesi Gomes é Sócio-Diretor da LUCCHESI Inteligência em Negócios: Graduado em Administração pela UFMG, tem especialização em Consultoria para Pequenos Negócios pela FIA/USP; em Agentes de Desenvolvimento em Cooperativas, pelo UNICENTRO Newton Paiva/MG; Ferramentas de Coaching em Inovação e Empreendedorismo, pela BABSON COLLEGE/EUA; e Modelagem de Negócios Inovadores – Método SPRINT, pela COVENTRY UNIVERSITY/UK. Palestrante e consultor associado ao SEBRAE, FIEMG e OCEMG, é consultor organizacional com experiência em negócios e em estratégias de desenvolvimento setorial/territorial.